10/10/2005

Rocinha

Depois da covarde troca de horários com a poderosa Beija-Flor, a Rocinha sai atrás com a escolha de samba-enredo. Os sambas, com versos fáceis, e tiradas de letra sofríveis (“Adeus pindaíba, chega de chorar!” ou “Acorda pro batente, meu irmão”), não conseguiram achar o tom adequado para contar esse enredo. Ao invés da irreverência da letra, o carnavalesco Alex de Souza, imbuído da “missão Rocinha”, num grande projeto que supostamente uniria os socialites e os traficantes de São Conrado através do mundo do samba, busca um enredo “educativo” ou “didático”, com um tom de “paz, amor e prosperidade”. Esse tom politicamente correto está completamente ausente da letra dos sambas finalistas, que preferiram um tom mais leve e alegre. A partir desse descompasso, os compositores ainda fizeram composições sem nenhuma inspiração tanto em letra quanto em melodia, tornando a escolha na escola, qualquer que ela seja, extremamente sofrível. Se as coisas continuarem assim, o destino da Rocinha deve ser mesmo o retorno ao Grupo de Acesso. O samba de Isaac e Helinho 107 lembra alguns dos sambas da São Clemente dos anos 90 (em especial um sobre o pão, provavelmente composto pelo próprio Helinho), especialmente na segunda parte. Acaba sendo um pouco melhor que o samba de Marquinhos e Marinho que, apesar de um ritmo mais acelerado, que pode acabar sendo mais eficiente, tem problemas de letra e de estrutura. Os dois sambas acabam se nivelando, e nesse caso, infelizmente, por baixo.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Caro Ikeda,
Parabéns pelo belo blog e pelo de cinema. O meu blog é de samba e de cinema, se quiser entre lá quando quiser. Sobre escolas, está faltando ainda a minha querida PORTELA, que vem com tudo. Mas de resto, o blog está ótimo e parabéns. Mas acho que o blog não devia só ser sobre escolas de samba e sim sobre samba em geral. Abraços,
Trunk

9:56 PM  

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