4/14/2009

Dois Sonhos e mais alguns outros

mais um texto antigo sobre o antológico desfile do Paulo Barros em 2004. O segundo exemplo a que me refiro é o fato de o compositor Cadu ganhar a disputa de sambas-enredo na Mangueira após a sua quarta final consecutiva. Eu acompanhei o processo de forma íntima porque fiz um documentário sobre o dia dessa quarta final, intitulado TESOURO DO SAMBA. (Nota em 14.04.09)



Dois Sonhos e mais alguns outros

Este Carnaval de 2004 ficará na história por vários motivos, que nem cabe enumerar aqui. Mas, acima de tudo, este carnaval ficará na história da MINHA vida por um motivo muito simples: foi neste Carnaval em que, através de dois exemplos concretos, eu tive a certeza de que ainda vale a pena lutar pelos nossos sonhos, e que, por mais impossíveis que possam parecer, eles podem SIM se transformar em realidade, com dedicação, paixão e perseverança.

Paulo Barros foi a prova disso. Só foi escolhido pela Tijuca porque a escola estava no fundo do poço, cotadíssima para ser rebaixada, a quadra há muito tempo não se via tão às moscas. Não havia dinheiro; não havia motivação das pessoas. Mas tudo isso era secundário: ele tinha um sonho, e fez esse Carnaval como se fosse o último, e concentrou todas as suas energias no que era seu objetivo último. O tema de seu Carnaval foi exatamente este: como o (louco) artista luta por um sonho que a todos parece impossível, e como esse sonho está intimamente ligado ao próprio dia-a-dia do processo da criação. Lembro que muitos chegaram a rir, a caçoar, do refrão final da escola que falava do sonho da Tijuca em ser campeã do Carnaval. Mesmo com um desfile acima de tudo "anti-tecnicista", o vice-campeonato, na frente das poderosas Mangueira e Imperatriz, calou todos os possíveis críticos. Quem agora há de duvidar na possibilidade de um sonho?

Sobre o segundo exemplo, que inclusive acompanhei de forma mais íntima, eu me calo, porque já falei o suficiente, porque aqui não é lugar para confissões. Três ou quatro amigos aqui da lista devem suspeitar do que digo.

Pra quem tem um sonho, por menor que seja, este Carnaval teve um sentido.