4/15/2009

Mocidade 2008

- Obra-prima:

1- Mocidade

Para quem já teve dois anos seguidos de Santana e Simpatia, o samba da Mocidade é um milagre, uma benção. E é a coisa mais linda do mundo, porque é um samba que bebe na fonte do maior compositor da Mocidade, o Mestre Toco. Depois de décadas perdendo na disputa sempre com os melhores sambas (i.e os mais ousados, os mais apaixonados, os mais visionários, etc.), Toco finalmente voltou a vencer na Mocidade, mas teve seu samba completamente desfigurado em 2006 e fez um de seus sambas mais fracos em 2007. Agora sim em 2008, seu parceiro Marquinho Marino (com a ajuda do Igor Leal, que já tinha feito belos sambas na Beija-Flor) fez um samba digno das antologias da Mocidade. Samba de melodia original, de letra descritiva mas poética, que foge totalmente das fórmulas, chavões ou frases de efeito, o samba da Mocidade é um milagre, especialmente na segunda metade da segunda parte: mitos, crenças, guerreiros se confundem como se fossem uma visão, com uma melodia que vai crescendo, crescendo, até engasgar na garganta (=emoção, construção, devoção), e, claro, "no peito uma estrela a brilhar", porque como o refrão final coloca, esse samba é acima de tudo um apelo ao espírito guerreiro da Mocidade nessa época de vacas magras para a escola, ou seja, um grande hino, uma grande declamação de amor à Mocidade, ou seja, um samba que tiraria um sorriso de canto de boca do Mestre Toco.